Angola: Polícia angolana trava protesto e detém ativistas

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Borralho Ndomba (Luanda) | DW (Deutsche Welle) | Lusa | Nsisa reflexões

Cerca de duas dezenas de ativistas terão sido detidos este sábado (31.08) em Luanda, Angola, antes do início da manifestação contra a Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos.

A polícia angolana dispersou manifestantes e prendeu pelo menos vários ativistas este sábado

Entre os detidos estão os organizadores do protesto, Adilson Manuel, líder da juventude do partido Bloco Democrático, o ativista Matulunga César Kiala e o jornalista da TV Raiar, Paulino Aurélio.

As detenções ocorreram por volta das 10h (hora local), período marcado para a concentração no largo do Cemitério da Santana, em Luanda.

Nas redes sociais, os detidos veicularam um vídeo do momento em que estavam a ser levados pelo carro da polícia.

“Estamos a ser levados pela polícia a um sítio incerto […] num carro totalmente fechado, não dá para respirar bem”, vê-se no vídeo.

A polícia teria dito aos manifestantes que o protesto não estava autorizado e, após 30 minutos,  mandado retirar todo o material, onde se liam palavras de ordem como “Abaixo as Leis que oprimem”, “Liberdade aos presos Políticos e “Lutemos por Angola”, começando a  deter os jovens. 

Detenção de jornalistas

Segundo a agência de notícias Lusa, este sábado, os agentes quiseram também obrigar os seus jornalistas que faziam a cobertura, e estavam devidamente identificados, a entrar na carrinha policial e a entregar o material fotográfico, o que só não aconteceu devido à intervenção de um graduado. 

Paulino Aurélio, jornalista que também fazia a cobertura, estando identificado como tal, foi forçado a entrar na carrinha com ativistas. 

Numa nota veiculada este sábado, o Bloco Democrático repudiou a ação da polícia angolana e instou as autoridades a apurarem o caso. “O ato constitui mais um abuso de poder e um atentado grave contra os direitos fundamentais”, lê-se.

Até o momento, não há mais informações sobre a situação dos ativistas, entre os detidos está um dos organizadores do protesto, Adilson Manuel, líder da juventude do partido Bloco Democrático

Lei dos Crimes de Vandalismo

A marcha foi convocada por um movimento social contra a referida Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos, e congrega várias associações cívicas e políticas.

Aprovada na última quinta-feira com abstenção do grupo parlamentar da UNITA, a proposta da lei prevê, entre outros, pena de até 15 anos aos que “financiarem e ou impulsionarem atividades de vandalismo de bens ou serviços públicos”.

Mas o grupo contra a sua aprovação entende que as normas da nova lei visam restringir os direitos fundamentais dos cidadãos.

Alguns analistas também consideram que a nova lei do vandalismo é suscetível de restringir direitos fundamentais consagrados na Constituição.

(Em atualização)

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