MINISTÉRIO DAS FINANÇAS DESOBEDECE O ACÓRDÃO DO TRIBUNAL SUPREMO SOBRE PROFESSORES NO UIGE

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De acordo os documentos que a nossa redação teve acesso, a  Delegação Provincial das Finanças do Uíge e o   Ministério das Finanças,  efectuaram descontos  de forma ilegal e abusiva a um grupo de Professores admitidos no concurso público de 2018 e colocados nos antigos  dezasseis (16) municípios da referida circunscrição administrativa durante  sete (7) meses,  no intervaldo  de Junho à Dezembro de 2020.

O valor dos referidos descontos,  está avaliado em  239 846 292, 80 Kwanzas (Duzentos e Trinta e Nove Milhões e Oitocentos e Quarenta e Seis Mil, Duzentos e Noventa e Dois, Oitenta Cêntimos de Kwanzas).

Indignados com a situação,  o grupo de professores prejudicados, reclamou junto da Delegação Provincial da Educação, entretanto   se quer os responsáveis daquela instituição,  dignaram-se em dar uma resposta conforme  respaldado  lei de base da função pública.

Em  consequência do silêncio fulcral da instituição afim, os lesados recorreram à Ministra das Finanças que por ofício de referência 2451/60/01/GMF/2020 de 13 de Outubro de 2020,  indeferiu o recurso hierárquico com fundamento da ilegalidade no pagamento da remuneração de Fevereiro e Março de 2019.

Inconformados com a ilegalidade e a injustiça do acto que lhes colocou em situação de precariedade, pois tais descontos ocorreram somente na Província do Uíge e  apesar das ameaças  que sofrem  constantemente nas instituições  em que recorriam, deram entrada do recurso contra o acto da Delegação e da Ministra das Finanças ao TRIBUNAL SUPREMO DE ANGOLA – TS que foi registado sob processo nº 673/21.

Neste processo que tramitou no TS, os Venerandos Juízes Conselheiros da 2ª Secção da Câmara do Cível do Tribunal Supremo de Angola, apreciaram a causa e julgaram procedente o recurso de impugnação do acto administrativo interposto pelos Professores, todavia, declararam nulo o despacho através do Ofício nº 9/N/M.L/DNOE/MINFIN/2020 de 24 de Junho e condenaram o Ministério das Finanças a proceder a devolução dos valores descontados aos Professores.

A nossa redação soube que, as partes foram notificadas da decisão no início de 2023, tendo sido orientado o Ministério das Finanças no prazo de 6 meses, conforme a lei,  fazer a devolução dos valores descontados aos professores, porém   não se cumpriu a orientação  do Tribunal Superior

No dia 23 de Outubro de 2023, o Ministério das Finanças foi interpelado para cumprir o acórdão, no entanto, a referida Instituição remeteu-se ao silêncio, mostrando ao Tribunal Supremo e aos Professores que o art.º 177.º da Constituição da República que estabelece que “as decisões judiciais dos Tribunais Superiores  são de cumprimento obrigatório para as partes e para todas as entidades público – privadas e prevalecem sobre quaisquer autoridades administrativas”,  não tem aplicabilidade prática no caso da Ministra das Finanças e no seu Ministério.

A conduta do Ministério das Finanças e  a Delegação Provincial neste processo,  demonstrou que nestas Instituições não há comprometimento  dos princípios da  legalidade e imparcialidade, pois  agora está a sobrepor-se a um órgão de soberania.

Face a isso, embora sob ameaças do governo provincial e por parte dos directores das escolas ondem lecionam,  os professores estão agastados e decepcionados com a atitude do Ministério das finanças em sobrepor-se à Constituição da República de Angola e ao Tribunal Supremo.

Segundo uma fonte da Delegação Provincial da Educação local, estas práticas são recorrentes naquela parcela do território e algumas atitudes dos responsáveis, dão a entender que talvez Uíge seja outro país porque a classe de professores é constantemente humilhada com descontos ilegais, autoritários e transferências compulsivas como se o  Ministério da educação fosse propriedade privada de um grupo .

A fonte ainda acrescentou que, ser professor no Uíge é submeter-se a humilhação quotidiana porque  o professor é obrigado a suportar  arrogância dos directores que transformaram as escolas como CAP´s do partido MPLA e qualquer direito que se  discuta por parte dos professores, surgem ameaças  de descontos,  devolução à Direcção municipal ou delegação provincial e consequentes transferências para as aldeias  longínquas.

Em suma,  nós estamos na cadeia a céu aberto, realçou.

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